quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Dicas de Melo, Sá e Soares para você arrasar no jogo de duplas

   Que Bruno Soares, Marcelo Melo e André Sá são nomes internacionalmente respeitados mundo afora, todos sabem. Mas o que a experiência de ambos, com mais de 10 anos disputando o circuito em alto nível, pode acrescentar ao seu jogo de duplas? A reportagem da Tennis View conversou com os três melhores duplistas do País para dar dicas sobre o que levar em consideração ao escolher um parceiro para jogar, como evoluir seu jogo, as diferenças em uma partida mista, além de outras lições básicas para quem está começando a descobrir o prazer do jogo de duplas, mas ainda não se sente totalmente adaptado às exigências deste estilo de jogo que, somente na temporada 2012, rendeu ao tênis brasileiro 12 finais de ATP e um Grand Slam, com Bruno Soares.

O premiado ano de Soares foi coroado neste final de temporada com a eleição de Melhor Tenista do Brasil neste ano, um prêmio concedido pelo Comitê Olímpico Brasileiro aos atletas que mais se destacaram individualmente em sua modalidade olímpica. O que se tem percebido é que o Brasil, que já teve Carlos Kirmayr no top 5 do ranking mundial, ao longo dos anos não perdeu sua imponência no circuito masculino de duplas, marcando presença frequentemente nas segundas semanas dos Grand Slams, títulos ATP ano após ano, além de ser a característica mais forte da equipe brasileira na Copa Davis.

Escolha do parceiro – A nível amador ou para quem é tenista esporadicamente aos fins de semana, saber escolher corretamente o parceiro antes de uma partida pode garantir o sucesso em um torneio ou um dia pouco produtivo e curto dentro de quadra. A dica para este momento é selecionar alguém com qualidade técnica semelhante e que você tenha bom relacionamento.

Bruno Soares: “No profissional levamos em consideração aspectos diferentes, mas para quem joga entre amadores ou somente com intuito recreativo é preciso levar em consideração que o seu parceiro tenha o mesmo nível técnico ao seu ou que seja parecido. O segundo fator preponderante na escolha é jogar ao lado de uma pessoa que você se dê bem, o prazer de jogar assim irá elevar seu nível na quadra”.

André Sá: “Se eu fosse amador, pesaria o estilo de jogo do meu parceiro. Às vezes, mesmo em torneios amadores, há rankings que você pode se basear, mas o fundamental, se possível, é ver como tal jogador desenvolve seu jogo”.

Marcelo Melo: “É muito importante analisar como joga seu parceiro, quais os melhores e piores golpes. Somente assim você consegue balancear durante o jogo as suas qualidades e defeitos com as características preponderantes do seu parceiro.”

Tático – Uma dupla entrosada requer muitas horas de treino e conversa. Mas, e quando não tem tempo suficiente, para ter a certeza de que você escolheu o melhor parceiro para o seu jogo? Soares e Sá explicam que não necessariamente é preciso procurar um jogador que complete características técnicas ausentes no seu arsenal de golpes. Por exemplo, se você é um bom voleador, não é obrigatório ou tão mais favorável assim escolher um parceiro que tenha no seu fundo de quadra ou saque suas principais habilidades.

Bruno Soares: “Mais importante que qualquer coisa é avaliar os pontos fortes e fracos de cada um. Eu acredito que quanto mais você esconder os pontos fracos do seu jogo, e seu parceiro fizer o mesmo, a chance dos seus pontos fortes aparecerem é maior. Se o cara tem um bom voleio, ele precisa logicamente traçar a estratégia de forçar o saque e buscar finalizar o ponto na segunda bola com voleio”

André Sá: Isto depende do gosto de cada um. Comigo no profissional, joguei um bom tempo com o Marcelo Melo, um jogador que tem um saque e jogo de rede muito bons, enquanto eu me destaco mais nas devoluções de fundo. Ou seja, nossas principais forças completam o outro, acho isso fundamental para a formação de uma dupla.”

Marcelo Melo: “Não necessariamente. Neste caso, ele deve procurar um cara que tem boa devolução, assim ele complementa com os bons voleios e ajuda na hora que o parceiro for sacar.”

Psicológico: Em um jogo de simples, o tenista depende apenas de si numa quadra. Ou você está em um bom dia ou suas chances são remotas, caso seu adversário não apresentar fraquezas. Nas duplas, a mesma parceria pode estar em momentos distintos no jogo. Como lidar com seu parceiro caso ele esteja em um dia ruim?

Bruno Soares: “Tem dia que realmente o pior acontece não jogamos 100%. O importante é manter a postura positiva e a cabeça no lugar. Esse tipo de coisa nas duplas é geralmente passageiro; dar apoio ao seu parceiro faz com que ele volte melhor bem rapidamente.”

André Sá: “Jamais dar aquelas ‘olhadinhas’ atravessadas para o seu parceiro, o espírito de equipe deve prevalecer mesmo nos momentos mais delicados. Incentivar seu companheiro é o melhor que os tenistas têm a fazer em situações como essa.”

Marcelo Melo: “Você tem que ajudar na hora certa, falando coisas positivas. Se forçar a barra e falar muito, você pode acabar colocando mais pressão ainda e gerar mais erros.”

Preparo físico: Manter a forma física e ter um bom condicionamento, são características ausentes em boa parte dos jogadores de fim de semana. No momento de um jogo desgastante, debaixo de muito sol, ter um bom preparo pode fazer toda a diferença no resultado final da partida. Não se preocupe com exercícios específicos, mas pratique atividades físicas regularmente.

Bruno Soares: “O tênis exige do físico em geral, eu sempre aconselho o pessoal que joga a fazer uma ginástica a mais, não achar que a prática do tênis seja suficiente. Tem gente que prefere academia, dar uma corrida, yoga ou pilates, vai da preferência de cada. O mais importante é estar com os músculos fortes e preparados para conseguir encarar uma partida inteira. Há também a necessidade de tomar cuidado com lesões.”

André Sá: “Para você ser um bom duplista é preciso trabalhar muito bem a parte inferior do seu corpo. Ter as pernas rápidas, com bastante explosão, é o ideal.”

Marcelo Melo: “Eu acho que o mais importante para um amador é o aquecimento. Como ele não joga frequentemente, e a dupla tem muitos tiros curtos, como saque e voleio, pode ocasionar lesões sem um devido aquecimento.”

Guerra dos Sexos: É de bom tom que o espírito recreativo predomine em qualquer partida que não seja entre profissionais, ainda com a presença de mulheres entre os jogadores. No entanto, levando em consideração que os quatro jogadores apresentam o mesmo nível técnico de tênis, o tenista não deve dosar sua força ou facilitar a devolução de seus golpes quando a bolinha é direcionada para a representante feminina da dupla. Se não, a partida perderá em competitividade.

Bruno Soares: “No nível amador não precisa mudar nada, bem como no profissional. Obviamente acontece de passar uma bola perto ou você acertar o adversário sem intenção alguma, afinal, o jogo de duplas é muito rápido, mas nada que a pessoa do outro lado da quadra não entenda que aquilo é do jogo, desde que você não tenha feito o golpe com maldade. As mulheres também conseguem fazer jogadas muito boas, não dá para menosprezar.”

André Sá: “Vejo que no profissional, quem manda é a mulher na dupla. Se ela tiver em um dia inspirado, isso fará a diferença. Como homem, você tem a possibilidade de jogar em cima da mulher para ganhar o maior número de pontos. No profissional, muitos homens buscam devolver golpes em direção às jogadoras para intimidar; na dupla mista o jogo é em cima da mulher.”

Marcelo Melo: “Eu penso que no nível Amador, o que mais muda é a velocidade da bola que direcionamos para as mulheres. Em certos momentos temos que tomar cuidado para não ser indelicado e acertar as mulheres.”

A temporada 2012 de Melo, Sá e Soares

Marcelo Melo
Vice-campeão do ATP de Memphis (c/ Dodig)
Quadrifinalista em Roland Garros (c/ Dodig)
Quadrifinalista em Wimbledon (c/ Dodig)
Quadrifnalista Olímpico (c/ Soares)
Semifinalista em Cincinnati (c/ Dodig)
Semifinalista em Xangai (c/ Cilic)
Campeão em Estocolmo (c/ Soares)
Semifinalista em Paris (c/ Cilic)
Vitória da volta ao Grupo Mundial na Copa Davis

André Sá
Vice-campeão do Brasil Open (c/ Mertinak)
Vice-campeão do ATP de Buenos Aires (c/ Mertinak)
Vice-campeão do ATP de Delray Beach (c/ Mertinak)
Vice-campeão do ATP de Stuttgart (c/ Mertinak)
Vice-campeão do Challenger de Petange (c/ Murray)

Bruno Soares
Quadrifinalista do Australian Open (c/ Butorac)
Campeão do Brasil Open (c/ Butorac)
Vice-campeão do ATP de Bastad (c/ Peya)
Quadrifnalista Olímpico (c/ Melo)
Quadrifinalista do US Open (c/ Melo)
Campeão do US Open (mistas c/ Makarova)
Campeão do ATP de Kuala Lumpur (c/ Peya)
Campeão do ATP de Tóquio (c/ Peya)
Campeão do ATP de Estocolmo (c/ Melo)
Campeão do ATP de Valência (c/ Peya)
Vitória da volta ao Grupo Mundial na Copa Davis

Por Renan Justi

Esta matéria é parte da edição 122 da Tennis View. Para baixar a edição completa, clique aqui.

Foto do banner: Marcelo Ruschel
Foto do texto: Celso Pupo

FONTE: WWW.TENNISVIEW.COM.BR

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