Está começando o maior de todos os torneios de tênis do mundo. Roland Garros abre as portas com o seu duro qualy nesta terça feira. Relembrar o torneio pode ser fácil e muito difícil para mim. Torneio imponente, importante e para mim o mais incrível do circuito. Motivos tenho de sobra para amar Roland Garros. Lá tive meu mais impressionante resultado entre as feras do tênis. Fui semifinalista em 1999 ganhando de Corretja, Mantilla e Rafter no mesmo torneio. Nele ganhei um apelido pra lá de importante, Le Petit Genie. No torneio vivi experiências marcantes como o jogo contra o Agassi na quadra central e o jogo de 5 sets nas oitavas de final que fiz contra o Muster. Nesse jogo mesmo depois da derrota deixei a quadra inteira de pé aplaudindo minha saída. Acho que nunca corri e me joguei tanto em um jogo como naquele e me emocionei mesmo perdendo. lá vivi meu último jogo no circuito profissional, uma derrota dura, feia e para esquecer. Tanta coisa vivi que poderia escrever um livro só das minhas andanças no torneio.

     Quando parei de jogar tive o prazer de comentar no ano passado pela ESPN o torneio e passar um pouco para os amantes deste lindo esporte alguns bastidores interessantes. Infelizmente a Espn perdeu os direitos e este ano ficarei um pouco mais longe do evento. Mesmo assim estarei vendo os jogos e comentando aqui no blog.

     Este ano teremos um torneio meio carta marcada. Se não acontecer nada de especial vai ser muito difícil alguém tirar o caneco do Nadal. Com o Djokovic jogando menos do que o esperado, Federer patinando no saibro e Ferrer chegando mas não definindo, só alguma coisa fora do esperado pode mudar o campeão. É bem verdade que por ser um esporte individual tudo pode acontecer, mas nos últimos anos a única coisa que acontece é ver o Nadal levantar o troféu.

     Queria muito acreditar e ver um cara diferente ganhando o torneio. Algo do tipo do Gaudio seria maravilhoso, melhor ainda seria ver um francês vencer. Vocês imaginam um Monfils ou Tsonga campeões de Roland Garros? Ok, estou sonhando, mas seria muito legal.

     Nos próximos dias veremos o maior de todos os eventos de tênis. Jogo em quadras perfeitas, condições incríveis, com um público que entende de tênis e com os jogadores dando a vida por cada vitória. Perfeito né. Para sorte de quem não gosta e azar dos que curtem desta vez sem meus comentários.

-----------------

Roland Garros, o templo.





Em setembro de 1927, os "Quatro Mosqueteiros" do tênis francês tiraram a Copa Davis das mãos norte-americanas. Para defender o título no ano seguinte, os franceses teriam de construir uma quadra para abrigar a fanática torcida, que transformou René Lacoste, Henri Cochet, Jean Borotra e Jacques Brugnon em heróis nacionais.

Apesar de realizar o seu Campeonato Internacional desde 1925, Paris não tinha um complexo à altura. O prazo era de apenas nove meses para erguer o estádio. A Prefeitura de Paris cedeu um terreno de três hectares, pelo prazo de 99 anos, na periferia da cidade.

Surgia o complexo de Roland Garros, nome de um aviador, herói da Primeira Guerra Mundial, imposto pelas autoridades. A inauguração oficial foi em maio de 1928, num amistoso entre França e Grã-Bretanha. Pouco depois, a França manteve a coroa da Davis numa festa inesquecível, que resultaria em cinco conquistas consecutivas até 1932. O Internacional também mudou-se para lá e nunca mais saiu. Em 1968, com o surgimento da era profissional, passaria a ser chamado de Aberto da França.

Ano após ano, o prestígio de Roland Garros cresceu, assim como o público. Já no final de década de 60, era evidente a necessidade de ampliações, mas a falta de recursos financeiros limitou as reformas feitas em 68.

O crescimento do profissionalismo no tênis trouxe inovações constantes ao complexo. Em 79, surgiu o já famoso "Village", uma mega-estande de 2 mil metros quadrados, onde os 17 patrocinadores oficiais do torneio expõem seus produtos e recebem visitantes ilustres e clientes.

Em 80, surgiu a quadra 1, uma arena a apenas 50 metros da quadra central, onde novos 4.500 assentos foram somados ao complexo. Quatro anos depois, a injeção de dinheiro foi maior e foram construídas nove quadras externas, que desocuparam um antigo campo de rúgbi. Surgiu também a famosa "praça dos Mosqueteiros", bem no centro do complexo, onde foram erguidas as estátuas de Borotra e Lacoste, em 89. No ano seguinte, vieram as de Cochet e Brugnon.

A entrada de grandes e fiéis patrocinadores permitiu a construção da quadra Suzanne Lenglen, em 94, para 10.068 pessoas, o que levou o torneio a alcançar a marca recorde dos 390 mil espectadores em 99.

Por fim, a última etapa das reformas acontece neste ano 2000, com a reinauguração da quadra central. Foram demolidos alguns terraços para dar melhor arquitetura ao edifício, que agora conta com bloco de dois andares e estúdio de TV.

Na foto, Leo e Rita Francescato, Kelen e Ronaldo Stuani, em 2008, no ultimo jogo de Gustavo Kuerten como profissional.