terça-feira, 16 de junho de 2015

A grama ao quadrado

Por José Nilton Dalcim - 14 de junho de 2015 às 21:19



     Depois de tanto tempo, enfim a ATP fez o que a maioria exigia e dobrou a importância da curta temporada sobre as quadras de grama. Embora apenas um novo torneio tenha sido criado, o de Stuttgart, que abandonou o saibro, o que valeu mesmo foi elevar Queen’s e Halle para a condição de ATP 500. Como nem tudo é perfeito, ainda não entendi por que manter os dois na mesma semana, dividindo as grandes estrelas e enlouquecendo os organizadores.

    Queen’s tem mais de 100 anos de história, não é um torneio qualquer. Sempre foi considerado o mais importante aquecimento para Wimbledon, e a partir de agora ficou ainda mais seletivo, já que a ATP forçou a redução da chave principal de 48 para 32 participantes, ao mesmo tempo que a bolsa saltou para 1,7 milhão de libras. Ficou tão absurdamente forte que o último a entrar direto foi o russo Mikhail Youzhny, 58º da lista de inscrição.

     Teremos jogos incríveis logo na primeira rodada, especialmente Stan Wawrinka contra Nick Kyrgios, ou seja, o 4 contra o 28. E o australiano é nada menos que o quadrifinalista de Wimbledon do ano passado. Também teremos Grigor Dimitrov, o atual campeão, contra Sam Querrey, vencedor em 2010. As quartas de final apontam para Wawrinka-Nadal e Dimitrov-Andy Murray, duelos que realmente poderão valer como excelente prévia para Wimbledon.

     Halle ficou um tanto mais fraco, nem tanto pelo ranking dos principais nomes mas pelo histórico menos expressivo na grama, caso de Kei Nishikori, Gael Monfils, Pablo Cuevas. Ainda assim é fácil ver que Roger Federer deverá ter trabalho se quiser chegar ao oitavo troféu: Kohlschreiber é freguês mas já ganhou o torneio; Stakhovsky tirou o suíço na segunda rodada de Wimbledon de 2013; Tomic conhece bem a grama;. e Berdych decidiu Wimbledon depois de tirar o suíço.

     Aliás, não pode passar batido o fato de que esta revigorada temporada de grama tem tudo para recuperar o interesse do público alemão pelo tênis, o que despencou ano a ano com a falta de um grande campeão. Stuttgart contratou Nadal e viu um sucesso incrível de audiência. Halle tem sempre Federer como maestro principal, garantia de casa cheia, além do ídolo Tommy Haas e da esperança Alexander Zverev.

     E Nadal? Cumpriu muito bem seu papel. Demorou para pegar ritmo nas primeiras rodadas, o que é absolutamente normal não só pela dificuldade natural do piso mas também por seu momento, e evoluiu até apresentações convincentes no sábado e domingo. Tudo bem, Gael Monfils e Viktor Troicki não têm currículo na grama. No entanto, a forma com que Rafa se impôs, trabalhando muito bem o saque e apostando nos voleios, reforça aquilo que eu previra após Roland Garros: mesmo não sendo o Nadal de antes, ele é bom o suficiente para qualquer top 20.

     Claro que ganhar Stuttgart não aumenta seu grau de favoritismo para Wimbledon. Terá de mostrar mais em Queen’s, onde possui duas boas primeiras rodadas para embalar. Pode ser impressão falsa minha, porém me pareceu que o espanhol tirou algumas libras de pressão das cordas – talvez esteja algo na casa das 48 ou 50 -, o que seria uma alternativa frutífera na ideia de ganhar peso e profundidade nos golpes de base e ainda maximizar o efeito topspin. De quebra, ainda poupa o braço.

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