No início, o nome provocou comentários bem humorados e muita brincadeira, mas logo o evento ganhou popularidade e outros países sul-americanos se juntaram aos quatro fundadores: Brasil, Argentina, Peru e Bolívia. O primeiro torneio não oficial, foi em 1969, no Esportes Clube Pinheiros, em São Paulo, com tenistas desses quatro países. O campeão masculino foi o argentino Roberto Graetz e a campeã da chave feminina foi a brasileira Marlene Flues.
Em 1970, aconteceu o I Banana Bowl, no Clube Paineiras do Morumby. Nos anos de 1971 e 1974, o torneio teve como sede a Sociedade Recreativa e de Esportes de Ribeirão Preto. Até 1975, apenas tenistas sul-americanos participaram do torneio. Em 1972, 73, 75 e 77, a cidade de Santos recebeu a competição e em 1978, o torneio voltou para a capital paulista. Um dos grandes marcos do torneio aconteceu em 1977, quando se iniciava uma rivalidade histórica do tênis mundial entre o americano John McEnroe e o tcheco Ivan Lendl, adversários na final disputada no Tênis Clube de Santos, com vitória de McEnroe, que no mesmo ano ganharia seu primeiro Grand Slam nas duplas mistas de Roland Garros, além de alcançar a semifinal de simples em Wimbledon.
Sete anos depois da primeira edição, o Banana Bowl ganhou maioridade com a participação de tenistas da França, Espanha e Japão. Nos anos seguintes, o número de países participantes aumentou, chegando a 16 em 1979.
No início, o predomínio era brasileiro e argentino, mas logo em seguida, outros sul-americanos passaram a lutar de igual para igual, como Uruguai, Equador, Venezuela e Chile.
Quando o torneio ganhou peso internacional, jogadores de talento passaram a disputar o Banana Bowl e alguns dos melhores tenistas profissionais do mundo passaram pelo Brasil e conquistaram o título do campeonato, ainda como juvenis, entre eles o norte-americano John McEnroe, o tcheco Ivan Lendl, a argentina Gabriela Sabatini, o austríaco Thomas Muster, os argentinos José Luis Clerc, Mariano Zabaleta, o francês Yannick Noah, a eslovaca Dominika Cibukova, a russa Svetlana Kuznetsova, a sérvia Ana Ivanovic e os brasileiros Gustavo Kuerten, Fernando Meligeni, Andrea Vieira, Jaime Oncins, Flávio Saretta, Thomaz Bellucci, Teliana Pereira e muitos outros.
O austríaco Thomas Muster levantou o troféu em 1984, o brasileiro Gustavo Kuerten levou o título em 1992, na categoria 16 anos. Nomes como o do peruano Luís Horna (97), do chileno Fernando Gonzalez (98), de Gilles Muller, de Luxemburgo (2001), de Marcos Baghdatis (2002) e até mesmo do norte-americano Andy Roddick (2000), também foram campeões em terras brasileiras. Na categoria 16 anos, o argentino Juan Martin Del Potro ficou com o vice-campeonato após perder para o brasiliense Raony Carvalho em 2003.
Depois de passar por São Paulo, Ribeirão Preto, Santos, São José dos Campos e Guarulhos, o Banana Bowl trocou o estado de São Paulo por Santa Catarina em 2009, quando foi realizado em Florianópolis, no Lagoa Iate Clube. Em Santa Catarina o torneio ainda passou por Blumenau, Gaspar e Itajaí, no Itamirim Clube de Campo, onde foi realizado nos últimos três anos. Em 2014 o Banana Bowl retorna ao território paulista em São José do Rio Preto, cidade que recebe pela primeira vez o torneio.
A última vez em que conquistamos o título masculino de 18 anos foi com Eduardo Oncins, o irmão mais velho de Jaime, na final que fez diante de Edvaldo Oliveira, em 1981. Curiosamente, Fernando Meligeni, ex-capitão da equipe brasileira da Copa Davis e medalha de ouro no Pan-americano de Santo Domingos, poderia ter encerrado essa longa espera em 89, quando ganhou o Banana Bowl. Mas ele ainda disputava o circuito internacional pela Argentina. Nesse ano, Meligeni chegou a liderar o ranking mundial e terminou a temporada em quarto lugar.
No feminino, a falta de títulos já dura 22 anos. A última campeã foi Roberta Burzagli, que conquistou o torneio de 91, em Santos.
DESTAQUES E CURIOSIDADES
O Brasil no Banana Bowl (18 anos)
Campeões:
1969 – Marlene Flues
1970 – Joaquim Filho e Beatrice Chrystman
1971 – Roger Guedes e Andréa Menezes
1973 – Flavio Arenzon e Patrícia Medrado
1974 – Eddie Pinto
1975 – Celso Sacomandi
1979 – Claudia Monteiro
1981 – Eduardo Oncins
1983 – Silvana Campos
1986 – Gisele Miró
1988 – Andréa Vieira
1991 – Roberta Burzagli
2014 – Orlando Luz
2015 – Orlando Luz
A estrela argentina Gabriela Sabatini foi bicampeã do Banana Bowl. Gabi venceu a categoria 14 anos em 1983, derrotando a norte-americana Amy Schwartz, e repetiu o título em 84, na mesma categoria, vencendo a brasileira Cláudia Chabalgoity. Pouco depois conquistou o título do US Open.
A lista dos jogadores que estiveram ou estão entre os melhores do ranking mundial, tanto no masculino como no feminino, e que também fizeram história no Banana não se resume a Lendl, McEnroe, Sabatini e Muster. Alguns deles: Victor Pecci (Paraguai), campeão em 1972; José Luis Clerc (Argentina), campeão dos 18 anos em 1976; Helena Sukova (Tchecoslováquia), campeã dos 18 anos em 81; Martin Jaite (Argentina), campeão dos 18 anos em 82; Alex Antonisch (Áustria), vice-campeão dos 18 em 84; Gilbert Schaller (Áustria), campeão dos 18 anos em 86; Mercedes Paz (Argentina), vice-campeã dos 18 anos em 83; Ines Gorrochategui (Argentina), vice-campeã dos 16 anos em 89; Jaime Izaga (Peru), campeão dos 16 anos em 83.
Duas rivalidades femininas ficaram marcadas no Banana Bowl por tenistas brasileiras. A gaúcha Niege Dias e a paulista Silvana Campos se enfrentaram nas finais de 14 e 16 anos, com vitórias de Niege Dias nas duas. Porém, na categoria 18 anos, Campos levou a melhor e foi a única brasileira bicampeã do torneio. Silvana Campos foi casada com o ex-jogador de futebol Sócrates, falecido em 2011. Outra rivalidade foi entre a carioca Ana Clara Duarte e a paulista Roxane Vaisemberg, que em 2001 teve vitória de Ana Clara na categoria 12 anos, com Roxane Vaisemberg vencendo na categoria 14 anos em 2003.
Neto do criador do Banana Bowl, Luiz Procópio Carvalho teve a oportunidade de competir no torneio duas vezes na chave de 18 anos, a principal. Hoje diretor do Rio Open, Lui furou o qualifying em 1998 e 1999, perdendo na primeira rodada em ambas as edições.
Um dos maiores tenistas do mundo na atualidade, o francês Jo-Wilfried Tsonga não teve muito sucesso em sua única participação no Banana Bowl. Em simples, Tsonga foi derrotado na última rodada do qualifying pelo colombiano Carlos Salamanca e nas duplas parou logo na primeira rodada ao lado de Mathieu Moncourt na partida contra o russo Teymuraz Gabashvili e o argentino Lionel Noviski.
Além de Tsonga, há uma grande lista de tenistas de sucesso que passaram pelo Banana Bowl sem o mesmo brilho atingido posteriormente na carreira como profissional. Um dos primeiros casos foi o do francês Yannick Noah, que perdeu nas quartas de final de 1976 para o brasileiro Celso Sacomandi. Anos depois, em 1983, Noah se tornaria o último francês a vencer Roland Garros em simples.
Outro campeão de Grand Slam que não conseguiu o título de 18 anos do Banana Bowl foi o equatoriano Andrés Gomez, que na categoria principal foi vice-campeão de duplas em 1978. Campeão de duplas no US Open de 1988 e em Roland Garros no ano de 1990, o espanhol Sergio Casal foi vice-campeão de duplas do Banana Bowl em 1980.
Antes de alcançar o número 1 do mundo na WTA e de conquistar os títulos do Australian Open e Wimbledon, a francesa Amelie Mauresmo disputou o Banana Bowl e não conseguiu passar das quartas de final na 26ª edição, em 1996.
Vice-campeão de Wimbledon em 2002, o argentino David Nalbandian estava competindo no Banana Bowl quatro anos antes de seu melhor Grand Slam da carreira. Mas no torneio brasileiro, acabou derrotado nas semifinais. Outro ídolo argentino, o vice-campeão de Roland Garros Guillermo Coria parou duas vezes nas quartas de final do Banana Bowl, em 1998 e 1999.
Campeã de Wimbledon em 2013, a francesa Marion Bartoli passou pelas quadras do Banana Bowl 12 anos antes e acabou derrotada nas quartas de final quando era a principal favorita ao título. Outra campeã de Grand Slam sem sucesso no torneio brasileiro juvenil foi a sérvia Ana Ivanovic. Ainda defendendo a antiga Iugoslávia, em 2002, Ivanovic perdeu nas quartas de final do Banana. Seis anos depois, ela venceu Roland Garros e chegou à liderança do ranking WTA.
O polêmico italiano Fabio Fognini, campeão de duplas no Australian Open em 2015, foi mais um grande nome do tênis a cair nas quartas de final do Banana Bowl, em 2003. A eslovaca Dominika Cibulkova esteve duas vezes no Brasil para disputar o Banana Bowl. Na primeira, caiu logo na estreia em 2004. No ano seguinte, foi eliminada nas semifinais.
Vice-campeão do US Open em 2014, o japonês Kei Nishikori é mais um tenista que simboliza a grande tradição da participação japonesa no Banana Bowl, iniciada ainda nos anos 70. Ele competiu no torneio em São José dos Campos, no ano de 2005, e perdeu na segunda rodada, assim como a alemã Sabine Lisicki, participante da mesma edição.
Outros nomes importantes do tênis atual também passaram pelo Banana Bowl como o búlgaro Grigor Dimitrov, o belga David Goffin, a francesa Kristina Mladenovic, a britânica Johanna Konta e o alemão Alexander Zverev, todos sem conquistar títulos. A canadense Eugenie Bouchard foi mais uma que esteve no tradicional torneio brasileiro em duas oportunidades, em 2009 e 2011, e não conseguiu o título em simples, mas conseguiu voltar para casa com o troféu de duplas conquistado em Blumenau-2011, em uma das edições catarinenses do torneio nascido no estado de São Paulo.
Um longo jejum de 33 anos sem títulos de brasileiros na categoria 18 anos marcou durante um longo período os tenistas do país que disputaram a chave masculina. Durante este período, vários nomes importantes do país competiram no torneio, como Flávio Saretta, Ricardo Mello, Thomaz Bellucci, Bruno Soares, Marcelo Melo, Thiago Alves, João Souza, Rogerio Dutra Silva, entre outros, mas nenhum deles conseguiu o troféu de simples na categoria principal.
Após vários tenistas tentarem, o gaúcho Orlando Luz finalmente encerrou o jejum ao ganhar uma final 100% brasileira contra o mineiro João Menezes em São José do Rio Preto. No ano seguinte, Luz entrou para a história ao se tornar o único tenista bicampeão da chave masculina de 18 anos, novamente em uma final brasileira contra o paulista Igor Marcondes, desta vez em São José dos Campos.
Meses depois de obter o segundo título do Banana Bowl, Orlandinho alcançou pela primeira vez o número 1 do mundo no ranking juvenil da Federação Internacional de Tênis (ITF). Já em transição para o circuito profissional, o gaúcho não tentará o tricampeonato, deixando assim a certeza de que teremos um campeão inédito na chave masculina de simples na edição 2016.