Este não é o torneio mais tradicional de tênis e tampouco o mais
charmoso. Mas este é, sem dúvida, o mais badalado torneio de tênis do
mundo. O US Open
é o último torneio do circuito Grand Slam disputado no ano. O Grand
Slam tem início em janeiro com a disputa do Australian Open, segue em
maio com Roland Garros, julho com Wimbledon e encerra em setembro no US Open, realizado em Nova York.
O
torneio é disputado em quadras rápidas e alguns jogadores se saem
excepcionalmente bem por lá. Além dos jogos, muita coisa acontece no US
Open. É lá que os jogadores desfilam seus novos uniformes e
patrocinadores. Afinal, o torneio acontece no complexo de Flushing
Meadows, segundo maior parque público de Nova York.
Roger Federer
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O US Open é organizado pela USTA
(United States Tennis Association), entidade que comanda o tênis
norte-americano e que sabe explorar muito bem o torneio em termos de
marketing e merchandising. Os ingressos são colocados à venda com meses
de antecedência e tem pacote para agradar o gosto de qualquer freguês.
Diferentemente de Wimbledon e Roland Garros, cujos jogos só podem
acontecer com luz natural, os jogos do US Open são também disputados à
noite, sendo este mais um grande atrativo para o público.
US Open Series
A
USTA também é promotora do US Open Series (série de sete grandes
torneios). Dizem as más línguas que a criação do US Open Series, em
2005, foi uma tentativa desesperada da USTA para trazer os melhores
jogadores do mundo para jogar em solo norte-americano. Até então, os
grandes tenistas disputavam apenas os Master Series do Canadá e
Cincinatti e não davam muita importância para os ATP`s (torneios
realizados pela Associação dos Tenistas Profissionais
e que não ofereciam uma premiação tão elevada). Para tanto, a USTA
criou o US Open Series que possui uma pontuação à parte, assim como uma
“gorda” premiação. |
Agora, para os jogadores, nada melhor do que uma bela premiação
– e isto, o US Open também oferece, e como! O Grand Slam
norte-americano foi o primeiro a pagar o mesmo prêmio para homens e
mulheres. A USTA aumenta a premiação do evento ano a ano,
gradativamente. Em 2010, o campeão e a campeão levaram para casa nada
menos do que 1,7 milhão de dólares - maior premiação da história do
tênis.
Andy Murray
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A grana é tanta que o torneio premia também os
jogadores de qualifying, distribuindo nada menos do que US $ 1 milhão,
premiação maior do que a distribuída, por exemplo, no maior torneio
disputado no Brasil – o Brasil Open de Tênis. E não acaba por aí. Há
ainda um “bônus” de US$ 1 milhão para o jogador que, além de computar o
maior número de pontos no US Open Series, também sagrar-se campeão do US Open.
A história do US Open
O US Open é realmente especial. Diferentemente dos outros Grand
Slams, o campeonato foi disputado em diferentes sedes e até mesmo em
diferentes pisos. Engana-se quem pensa que o torneio sempre foi
disputado em quadra dura.
A primeira edição do US Open,
na época chamado de Campeonato Nacional Norte-Americano, foi disputada
em agosto de 1881 e foi extremamente fechada. Uma única chave foi
disputada – simples masculina - e apenas jogadores de clubes filiados à
Associação de Tênis de Grama dos Estados Unidos puderam participar. O
campeonato era uma grande final de outros torneios realizados no país.
Essa primeira edição foi disputada no Cassino de Newport, em Rhode
Island.
Imagem cedida pela USTA Jimmy Connors
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Em 1887 as mulheres foram aceitas, porém, deveriam disputar
um campeonato apenas de mulheres e em outro local! Sendo assim, o
primeiro Campeonato Nacional de Mulheres dos EUA foi disputado no
Philadelphia Cricket Club. Em 1889 tiveram início as disputas de duplas e
em 1892 foram realizadas as primeiras chaves de duplas mistas.
O
US Open também passou por diversas sedes. Até 1913 os homens disputavam
em Rhode Island. No ano seguinte, o campeonato passou a ser disputado
no West Side Club, Forest Hills, Nova York. Em 1923, nova mudança. Os
jogos foram para o Germantown Cricket Club, na Filadélfia. No ano
seguinte, voltaram para Forest Hills. Entre os anos de 1946 e 1967 as
partidas, tanto masculinas como femininas, foram disputadas no Longwood
Cricket Club, em Massachussets.
Imagem cedida pela USTAJames Blake
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Em 1968, porém, veio a grande mudança. Com o advento
do “tênis aberto” através do qual se permitiu a participação de
tenistas profissionais, todas as cinco chaves do torneio (simples
masculina e feminina, dupla masculina e feminina e dupla mista) passaram
a ser disputadas em um único local. Até então, as chaves de duplas eram
disputadas cada ano em um local diferente. Além da presença de
“estrangeiros” o torneio deixou de ser disputado na grama e passou a ser
jogado no saibro. Isso mesmo, saibro – para desgosto dos principais
tenistas norte-americanos da época. Essa primeira edição reuniu 96
homens e 63 mulheres e distribuiu US$ 100 mil.
O piso da quadra do US Open
Atualmente o US Open é disputado na superfície DecoTurf,
uma das mais reconhecidas superfícies de quadra de tênis. O piso é um
dos preferidos dos tenistas (com exceção dos brasileiros!) e
organizadores de grandes torneios. Trata-se de uma superfície rápida
acolchoada em múltiplas camadas e que mantém a velocidade do jogo e
quique da bola no decorrer do torneio. O piso também não exige muita
manutenção. Além do US Open, que utiliza o piso desde 78, esta também é a
superfície utilizada pelo COI nos Jogos Olímpicos de Atenas e Pequim. A ITF (International Tennis Federation) também utiliza o DecoTurf na Copa Davis e Fed Cup. |
Em 1978 o torneio passou a ser disputado no Flushing Meadows
Corona Park e, finalmente, os jogos foram disputados em quadra dura.
Apesar do nome ter mudado para Aberto dos EUA (US Open) poucos foram os
vencencedores estrangeiros da época – os norte-americanos Jimmy Connors,
John McEnroe e Chris Evert faturaram juntos 15 títulos. Mais tarde
ainda o público acompanhou a ascenção de outro grande jogador prata da
casa – Pete Sampras – que venceu cinco vezes o campeonato.
Imagem cedida pela USTASerena Williams
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Com a ajuda de um dos maiores magnatas do petróleo
da época, o complexo de Flushing Meadows foi completamente
reestruturado. Anos mais tarde a USTA investiu nada menos do que US$ 235
milhões para construir a atual quadra central do torneio – o estádio
Arthur Ashe. O estádio homenageia um dos maiores ídolos do tênis
norte-americano e que venceu o torneio em 68. Hoje o estádio tem
capacidade para 24 mil pessoas e é maior do que muito estádio de
futebol.
A segunda quadra mais importante de Flushing Meadows é
chamada de Louis Amstrong e homenageia o astro do jazz, em Queens,
bairro que passou a sediar o evento. Além desses dois estádios, o
complexo conta ainda com uma terceira grande quadra além de outras 21
espalhadas pelo parque.
Curiosidades
- A maior tenista brasileira de todos os tempos, Maria Esther
Bueno, conquistou nada menos do que oito títulos no US Open, sendo
quatro na chave de simples (1959, 1963, 1965 e 1966). Um fato curioso
aconteceu na volta para casa após a vitória em 59. Maria Esther Bueno
foi barrada na alfândega brasileira que quis porque quis cobrar imposto
sobre o seu troféu.
- No dia 20 de julho de 2008 o estádio Arthur Ashe foi palco pela primeira vez de uma partida que não era de tênis.
As equipes do Indiana Fever e do New York Liberty, que jogam pela NBA
feminina dos EUA (WNBA) disputaram o primeiro jogo profissional de basquete
sem ser em quadra coberta. No final da partida, que praticamente lotou o
estádio, o que as jogadoras mais comentaram foi sobre o calor e a
umidade, já que não estavam acostumadas a jogar em quadra descoberta.
- O Arthur Ashe´s Kids Day, que acontece tradicionalmente no
sábado que antecede o torneio, é um evento e tanto. Ao todo, 15 grandes
empresas patrocinam o evento como a Nike, IBM, Olympus, Nickelodeon,
entre outras. O público tem acesso livre ao complexo desde às 10h. Às
13h15, porém, iniciam-se as clínicas, exibições e shows com transmissão
ao vivo pelo canal CBS. Os ingressos custam até US$ 20,00 e esgotam-se
rapidamente.
Imagem cedida pela USTA Marat Safin dá autográfo durante Arthur Ashe Kid´s Day
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- Em 1993, o tenista brasileiro Fernando Meligeni, o Fininho, era
um mero desconhecido e mais um tenista a disputar a chave de qualifying
do torneio. Naquela época, por falta de patrocinador e sem recursos
(como a grande maioria dos tenistas que estão nessa fase), Meligeni
hospedou-se com o seu técnico em um hotel de sexta categoria e ia de
trem até o complexo, carregando suas raquetes e mochilas. Após passar o
qualifying, sua estada em Nova York mudou radicalmente. Meligeni
embolsou logo de cara US$ 10 mil por ter entrado na chave principal.
Além disso, a organização do torneio o colocou em um hotel 5 estrelas e
disponibilizou uma limusine para o seu transporte.
- Assistir os jogos do qualifying do US Open não custa nada! As
entradas de todas as quadras ficam abertas e o público pode apreciar
bons jogos.
- O estádio Arthur Ashe acomoda 23.200 pessoas - mais do que muito estádio de grandes clubes de futebol. Já a segunda principal quadra do complexo de Flushing Meadows, Louis Armstrong, possui 10.200 lugares.
Fonte: http://esporte.hsw.uol.com.br