sexta-feira, 6 de maio de 2011

Tennis Elbow e escolha da raquete

O que é Tennis Elbow?

É uma inflamação dos tendões de alguns músculos responsáveis pela extensão do punho e dos dedos. Estes músculos se inserem em uma região do úmero (osso do braço) chamada Epicôndilo Lateral, por isso também é chamada de Epicondilite Lateral. Esta inflamação é muito freqüente em tenistas, então foi chamada pelos médicos de Tennis Elbow (cotovelo de tenista).

O início da dor pode ser repentina ou gradual, podendo também propagar-se para o antebraço. O golpe mais doloroso do Tênis para quem sofre de Tennis Elbow, normalmente é o Backhand (esquerda). Em certos casos, a dor é tão intensa que o braço não pode ser usado para tarefas cotidianas simples como dirigir, pegar objetos, escovar os dentes, etc..


Fatores que podem aumentar a probabilidade de Tennis Elbow:

Falhas na mecânica (movimento) dos golpes, principalmente executar movimentos com rápidas desacelerações;
Vibrações transmitidas para o cotovelo através do conjunto raquete/corda/bola;
Idade;
Freqüência e intensidade de Jogo;
Deficiência de força e flexibilidade nos músculos extensores do punho e dos dedos.

Tratamento

Geralmente o tratamento do Tennis Elbow consiste em: repouso, calor, massagem, antiinflamatório, aplicação de gelo após o jogo e uso de uma faixa ao redor do cotovelo. Exercícios de reabilitação são iniciados assim que os sintomas começam a diminuir. O objetivo a partir de então é desenvolver a força, a resistência e a flexibilidade do grupo muscular extensor.

Equipamento

Quais as características de raquetes e cordas que podem ajudar a minimizar as vibrações e consequentemente a sobrecarga sobre o cotovelo de um tenista que sofre de Tennis Elbow?

1) Tamanho da Cabeça da Raquete: Mid-size ou Over-size?
De um modo geral, quanto maior a cabeça da raquete, maior o “Sweet Spot”, área onde as vibrações transmitidas para o cotovelo são mínimas e a bola é rebatida com maior potência.
Resposta: Prefira as raquetes Over-size, pois estas provavelmente terão um maior “Sweet Spot”, então a raquete lançará mais facilmente a bola, sobrecarregando menos o braço; além de transmitir menos vibrações para o cotovelo.

2) Flexibilidade da Raquete: Flexível ou Rígida?
As raquetes mais rígidas proporcionam maior potência ao golpe. Quando ocorre o contato raquete-bola, a cabeça da raquete deforma consideravelmente. O tempo que a raquete leva para deformar e voltar à posição inicial é de aproximadamente 15 ms (milisegundos). Este tempo é maior que o tempo de contato entre a bola e a raquete (entre 4 e 6 ms). Portanto, no caso de uma raquete flexível, antes que ela volte à posição inicial, a bola já não está mais em contato com as cordas, e então boa parte desta energia é perdida.
Resposta: As raquetes rígidas, normalmente de perfil largo (grossas), otimizam a transferência de energia da raquete para a bola, diminuindo a necessidade de grandes contrações musculares, principalmente dos músculos afetados pelo Tennis Elbow.

3) Comprimento da Raquete: “Normal” ou “Stretch”?
Nos últimos anos, foram lançadas no mercado raquetes até 2 polegadas mais compridas que as convencionais, as chamadas “Stretch” ou “Long-body”:

Convencional - 27 polegadas (68.6 cm)
“Stretch” - 28 polegadas (71,1 cm)
“Super Stretch” - 29 polegadas (73.7 cm)

Usando uma raquete mais longa, o tenista melhora ligeiramente o alcance em relação à bola, principalmente durante o saque; onde o tenista aumenta a altura de contato raquete-bola, diminuindo o risco da bola tocar na rede. Isto aumenta a potência do saque pois o tenista pode correr maiores riscos. Por outro lado, o aumento da potência também aumenta a sobrecarga sobre o cotovelo, o que não seria interessante para pessoas que sofrem de Tennis Elbow.
Além disso, raquetes mais longas diminuem um componente muito importante do Tênis: a maneabilidade da raquete (playability).
Resposta: Tenistas que sofrem de Tennis Elbow devem optar por raquetes de tamanho convencional (27 polegadas).

4) Peso da Raquete: Leve ou Pesada?
Atualmente, o peso de uma raquete varia entre 275 e 360 gramas. O peso da raquete e a velocidade da cabeça da raquete são os principais fatores que determinam a velocidade da bola.
Apesar de ser mais dispendioso para o braço gerar velocidade com uma raquete mais pesada, as vibrações transmitidas para o cotovelo são menores se comparadas a uma raquete mais leve. Quanto maior o peso da raquete, maior é sua capacidade de absorver as vibrações. Uma raquete mais pesada também promove melhor controle, já que esta diminui os movimentos entre o cabo da raquete e a mão.
Resposta: Raquetes mais pesadas, até aproximadamente 360 gramas, poderão minimizar as vibrações geradas pelo sistema raquete/corda/bola, melhorando ou evitando o Tennis Elbow.

5) Balanço da Raquete: Peso no Cabo, Peso na Cabeça ou Peso Distribuído?
O balanço da raquete depende da distribuição de peso através da raquete. O “balance point” ou centro de gravidade é o ponto onde a raquete permanece em balanço quando colocada em apoio e existem 3 tipos de raquetes quanto à distribuição de peso:

Peso concentrado no cabo (comercialmente conhecida como “Pro-Staff”)
Peso concentrado na cabeça (comercialmente conhecida como “Hammer”)
Peso distribuído (comercialmente conhecida como “Even Balance”)

Com uma raquete “Pro-staff”, o tenista tem a sensação da raquete ser mais leve, se comparada a uma “Hammer”, mesmo que as duas tenham o mesmo peso total. Isto torna uma “Pro-staff” mais fácil de ser manuseada, pois o peso concentrado mais próximo ao cabo aumenta a sensação de controle da raquete.
Resposta: Com uma raquete do tipo “Pro-staff”, o tenista tem maior facilidade de manuseá-la, sobrecarregando menos o cotovelo.

6) Tamanho do Cabo: Fino ou Grosso?
Os cabos das raquetes utilizadas por adultos, normalmente variam entre o número 2 e o número 5. Este número indica a medida da circunferência do cabo em polegadas:
N° 2 - 4 1/4 polegadas
N° 3 - 4 3/8 polegadas
N° 4 - 4 1/2 polegadas
N° 5 - 4 5/8 polegadas

Os cabos muito finos ou muito grossos podem causar problemas no cotovelo. Em ambos os casos, o tenista precisa apertar muito o cabo para evitar que este escorregue de sua mão no momento do contato raquete-bola. Quando a raquete é segurada fortemente no momento do impacto, porém não em excesso, a magnitude de vibração da raquete é diminuída, portanto transmite menor vibração ao braço.
Estudos através do potencial de ação muscular (Eletromiografia), mostraram que os músculos extensores do punho e dos dedos sofrem menos as vibrações quando o tenista utiliza um número de cabo o mais grosso possível, desde que seja confortável.
Resposta: Para reduzir as chances da raquete girar em sua mão e causar ou agravar o Tennis Elbow, além de utilizar um cabo o mais grosso possível, ainda é recomendado o uso de algum revestimento que aumente o atrito entre a mão e o cabo, um “Over-grip” , por exemplo, conhecido no mercado por “Tourna-grip”.

7) Material de Revestimento do Cabo: Couro ou Sintético?
Algumas raquetes ainda possuem o revestimento do cabo em couro. Atualmente a maioria dos materiais utilizados em revestimento de cabos são sintéticos, sendo a borracha o mais comum entre eles. Alguns desses materiais são bastante porosos e podem absorver bem a umidade originada pelo suor da mão. Existe um revestimento acolchoado, conhecido no mercado com o nome de “Cushion Grip”, que pode reduzir boa parte das vibrações da raquete.
Resposta: Prefira revestimentos de cabo acolchoados. Ainda assim é recomendado utilizar um “Over-grip”, em cima do “Cushion Grip”.

8) Material da Corda: Sintética ou Tripa Natural?
No passado, todas as raquetes eram encordoadas com cordas produzidas a partir do intestino de animais como carneiro e boi, as chamadas cordas de tripa, conhecidas atualmente no mercado como “Natural Gut”. São cordas de custo muito alto, devido ao seu complexo processo de fabricação e possuem pouca durabilidade, sendo muito sensíveis à umidade. Porém suas vantagens são enormes: maior controle da bola, maior sensibilidade do golpe e ligeiro aumento na potência imprimida na bola se comparada às cordas sintéticas. Além disso, possuem boa elasticidade e absorvem melhor as vibrações geradas pelos golpes. Por esses motivos, a maioria dos profissionais de alto nível utilizam este tipo de corda.
Resposta: As cordas de tripa natural são recomendadas para tenistas que sofrem de Tennis Elbow, devido principalmente à sua característica de maior elasticidade.

9) Diâmetro das Cordas: Fina ou Grossa?
O diâmetro de uma corda, também conhecido como “Bitola”, é medido em “Gauges”. Quanto maior o número, mais fina é a corda. Estes números, normalmente variam entre 15 e 18.
A vantagem das cordas mais grossas é a durabilidade. Cordas mais finas, no entanto, são mais elásticas e portanto possuem uma maior capacidade de absorver as vibrações.
Resposta: Utilize cordas mais finas, que apesar da menor durabilidade, seu cotovelo sofrerá menos com as vibrações.

10) Tensão da Corda: Alta ou Baixa?
Altas tensões nas cordas fazem com que as cordas deformem menos se comparadas às cordas sob baixas tensões, e isso significa menor potência transferida para a bola. Reduzindo as tensões das cordas, a carga sobre o cotovelo também é reduzida, pois será necessário menos esforço para golpear a bola.
Cordas com baixas tensões, aumentam o tempo de contato raquete-bola, e assim as vibrações surgidas através do contato são distribuídas, também sobrecarregando menos o cotovelo.
Resposta: Portanto, pessoas que sofrem de Tennis Elbow devem optar por encordoar suas raquetes com a menor tensão possível, porém não menos que 40 libras, o que implicaria em perda de Energia devido ao excessivo movimento das cordas.

Observação Final
A questão do uso de anti-vibradores ainda é muito controversa. Poucos estudos foram realizados a fim de verificar os efeitos do anti-vibrador junto à diminuição das vibrações transmitidas ao cotovelo. Alguns estudos condenam sua eficiência a partir do fato de ser impossível um anti-vibrador que pesa entre 1 e 2 gramas influenciar significamente nas vibrações de uma raquete que pesa entre 275 e 360 gramas. Por outro lado, é muito provável que o uso deste equipamento não seja prejudicial para tenistas que sofrem de Tennis Elbow, portanto seu uso é recomendado, podendo auxiliar em outros aspectos, como na diminuição do barulho produzido pelo contato raquete-bola, por exemplo.

Bibliografia:

BRODY, H. Tennis science for tennis players. University of Pennsylvania Press, Philadelphia, 1.989.
GROPPEL, J.L.; SHIN I.; THOMAS J.A; WELK, G.J. The effects of string type and tension on impact in midsized and oversized tennis racquets. The international Journal of Sports Biomechanics, 3, 40-46, 1987.
HATZE H. Forces and duration of impact and grip tighness during the tennis stroke. Medicine and Science in Sports, 5, 88-95, 1976
PLUIM B.M. Rackets, strings and balls in relation to tennis elbow. In: HAAKE S.J., COE A. (eds.) Tennis Science & Technology. Oxford, London, Edinburgh, Malden, Victoria, Paris, Blackwell Science Ltd., pp. 389-393, 2.000.

Author: Professor Ludgero Braga Neto

Nenhum comentário:

Postar um comentário