Fonte: Tenisnews
Por Fabrizio Gallas, em Londres - O sonho do Rio de Janeiro
em ter o ATP World Finals fechando o ano com os oito melhores da
temporada está cada vez mais distante. O Governo da capital carioca
queimou o filme ao não cumprir um contrato de três anos de publicidade.
O acordo, iniciado em 2011, colocava uma logo com a cidade nas
laterais da rede na quadra do torneio de Londres, além de propagandas
em vídeos do Uncovered, programa no website da ATP. A previsão de
término era no fim deste ano, mas o governo carioca quebrou o contrato
em meados de 2013, o que deixou a entidade nada feliz.
“Eles tiraram (a publicidade). Tivemos problemas e seguimos tendo, mas
vai ser resolvido, acreditamos, estamos trabalhando. Esse contato
existe, tem sido profissional e acreditamos que no final tudo se
acerte”, diz André Silva, diretor do ATP World Finals.
“A situação ainda está amigável, pois acreditamos que vai dar tudo
certo, ainda faltam alguns detalhes a serem finalizados, a gente
acredita que o governo do Rio vai fazer o que prometeu e temos que
esperar, até agora é amigável.”
Mesmo com a aposta, o rompimento do governo local gerou um mal-estar com
a entidade que cuida do tênis masculino: “Sem dúvida nenhuma (queima o
filme), cria uma certa desconfiança, deixa um gostinho não muito bom na
boca Não te dá a segurança de mesmo que se receba uma proposta, será
uma proposta que cumpra exatamente os planos que se propõe. Temos que
esperar. Se fizerem o que prometeram quando decidimos renegociar o
contrato e eles encerrarem, pelo menos aí demonstra que eles fazem o que
prometeram.”
“O contrato era bem claro, de três anos. Entendemos que o momento é
difícil com Copa, Olimpíadas. Não tinha nenhuma promessa dos dois lados,
ou de aumentar ou se você faz isso, ganha aquilo, nada disso, é uma
situação delicada, é uma situação chata para mim como brasileiro.
Acredito que tudo vai dar certo. Se eles fizerem o que falaram, não
podemos ficar contra, pois aceitamos o acordo.”
Não só por esse motivo que as chances da capital carioca diminuíram de
receber o evento que tem sede confirmada para Londres até 2015. O novo
secretário de esportes, André Lazaroni, optou por se distanciar das
conversas após a antiga secretária, Márcia Lins, fazer esforços, sem
sucesso, no fim do ano passado.
“Desde a mudança de secretário, caiu muito nosso contato. Realmente não
houve muita conversa sobre isso, perdeu um pouco o timing, o corpo. No
momento a possibilidade não é grande.”
O Governo do Estado do Rio de Janeiro confirmou ao Tênis News o fim do
contrato de publicidade com a ATP: “O contrato com a ATP está em
processo de rescisão. Por ser uma Associação de Tenistas Profissionais,
não pode usar a lei do ICMS destinada a projetos esportivos. O valor do
contrato era de R$ 9 milhões".
A relação deteriorada não causará efeitos no torneio ATP 500 que o Rio
receberá em fevereiro do ano que vem. O mesmo é organizado pela IMX e
não tem relações com o governo.
“Sem dúvida o ATP do Rio irá começar bem forte com Ferrer e Nadal, vai
ser um grande evento, acredito. O Luiz Carvalho (diretor do evento) é um
ex-ATP que conhecemos há muito tempo e está trabalhando com a gente pra
ter certeza que vai sair tudo bem.”
A ATP ainda não sabe se manterá o Finals em Londres para depois de 2015.
Para Silva é bem difícil que a cidade tenha o evento como permanente.
Mas a nova sede está longe de ser decidida. Alguns contatos foram
feitos, mas uma conversa mais aprofundada será realizada a partir do
novo presidente que pode ser eleito nas próximas semanas. André Silva
optou por não participar do processo de escolha que ficará no cargo do
Board de Diretores da ATP, mas disse que Mark Young, CEO das Américas da
ATP, e Chris Kermode, britânico e Managing Director do ATP Finals, são
dois dos candidatos.
André, que dirige pelo segundo ano o evento de fim de ano, explicou os
motivos pelos quais o torneio não pode sofrer mudanças constantes de
sedes e de piso como reclamaram Rafael Nadal e Novak Djokovic durante a semana.
“Não podemos ficar mudando de superfície, a parte médica não aconselha
pois quando se muda de quadra você muda o uso dos músculos e no começo é
complicado. Não seria viável. Já fizemos a sede itinerante, saímos da
Alemanha, fomos para Portugal, ia pro Brasil e parou em Sydney, depois
China. É muito difícil para um promotor e para a ATP que faz a promoção,
difícil criar um evento que vai ficar mudando ano a ano, difícil ter
alguém disposto a tomar esse risco. Não é só criar o evento, mas crescer
com ele. Entendo, pessoal compara com a Copa do Mundo, mas é bem
diferente.”
Para o brasileiro, o torneio, mesmo sem a vinda do ídolo local, Andy Murray,
com lesão nas costas, foi um sucesso: “O torneio aqui deu certo com
relação à venda de ingressos. Cada ano aprendemos mais a montagem,
melhorar coisas que já fazemos bem, mas podemos fazer melhor mesmo no
Fan Zone o Handing Court Live pro pessoal se sentir dentro do evento,
realmente estamos contentes com o resultado esse ano e difícil pensar em
como melhorar. A ausência de Murray não influenciou negativamente. Mas
seria muito legal ele aqui como campeão de Wimbledon , traria algo especial pro evento”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário