Depois de tanto tempo, enfim a ATP fez o que a maioria exigia e
dobrou a importância da curta temporada sobre as quadras de grama.
Embora apenas um novo torneio tenha sido criado, o de Stuttgart, que
abandonou o saibro, o que valeu mesmo foi elevar Queen’s e Halle para a
condição de ATP 500. Como nem tudo é perfeito, ainda não entendi por que
manter os dois na mesma semana, dividindo as grandes estrelas e
enlouquecendo os organizadores.
Queen’s tem mais de 100 anos de história, não é um torneio qualquer.
Sempre foi considerado o mais importante aquecimento para Wimbledon, e a
partir de agora ficou ainda mais seletivo, já que a ATP forçou a
redução da chave principal de 48 para 32 participantes, ao mesmo tempo
que a bolsa saltou para 1,7 milhão de libras. Ficou tão absurdamente
forte que o último a entrar direto foi o russo Mikhail Youzhny, 58º da
lista de inscrição.
Teremos jogos incríveis logo na primeira rodada, especialmente Stan
Wawrinka contra Nick Kyrgios, ou seja, o 4 contra o 28. E o australiano é
nada menos que o quadrifinalista de Wimbledon do ano passado. Também
teremos Grigor Dimitrov, o atual campeão, contra Sam Querrey, vencedor
em 2010. As quartas de final apontam para Wawrinka-Nadal e Dimitrov-Andy
Murray, duelos que realmente poderão valer como excelente prévia para
Wimbledon.
Halle ficou um tanto mais fraco, nem tanto pelo ranking dos
principais nomes mas pelo histórico menos expressivo na grama, caso de
Kei Nishikori, Gael Monfils, Pablo Cuevas. Ainda assim é fácil ver que
Roger Federer deverá ter trabalho se quiser chegar ao oitavo troféu:
Kohlschreiber é freguês mas já ganhou o torneio; Stakhovsky tirou o
suíço na segunda rodada de Wimbledon de 2013; Tomic conhece bem a
grama;. e Berdych decidiu Wimbledon depois de tirar o suíço.
Aliás, não pode passar batido o fato de que esta revigorada temporada
de grama tem tudo para recuperar o interesse do público alemão pelo
tênis, o que despencou ano a ano com a falta de um grande campeão.
Stuttgart contratou Nadal e viu um sucesso incrível de audiência. Halle
tem sempre Federer como maestro principal, garantia de casa cheia, além
do ídolo Tommy Haas e da esperança Alexander Zverev.
E Nadal? Cumpriu muito bem seu papel. Demorou para pegar ritmo nas
primeiras rodadas, o que é absolutamente normal não só pela dificuldade
natural do piso mas também por seu momento, e evoluiu até apresentações
convincentes no sábado e domingo. Tudo bem, Gael Monfils e Viktor
Troicki não têm currículo na grama. No entanto, a forma com que Rafa se
impôs, trabalhando muito bem o saque e apostando nos voleios, reforça
aquilo que eu previra após Roland Garros: mesmo não sendo o Nadal de
antes, ele é bom o suficiente para qualquer top 20.
Claro que ganhar Stuttgart não aumenta seu grau de favoritismo para
Wimbledon. Terá de mostrar mais em Queen’s, onde possui duas boas
primeiras rodadas para embalar. Pode ser impressão falsa minha, porém me
pareceu que o espanhol tirou algumas libras de pressão das cordas –
talvez esteja algo na casa das 48 ou 50 -, o que seria uma alternativa
frutífera na ideia de ganhar peso e profundidade nos golpes de base e
ainda maximizar o efeito topspin. De quebra, ainda poupa o braço.
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