Todo
mundo ouve falar de tendinites, mas o que poucos sabem é que a maior
parte de lesões dos tenistas são as chamadas tendinoses. Um nome
complicado para dizer que o seu tendão tem uma degeneração, e em alguns
casos ele pode até estar rompido sem você saber.
Todo
tendão pode inflamar, e todo tendão pode se desgastar, em virtude de
sobrecargas agudas ou crônicas. Muitos tenistas já devem ter sentido
isso na pele, ou melhor, no cotovelo, no ombro ou no joelho.O importante
em todo caso de tendinite é FAZER UM DIAGNÓSTICO PRECISO DO QUE ESTÁ
ACONTECENDO NO TENDÃO. Se for uma inflamação devemos tratar de um modo –
geralmente remédios e uma a duas semanas de fisioterapia resolvem. Se o
tendão estiver degenerado (em outras palavras, desgastado, a ponto de
ter às vezes rupturas) devemos tratar de outra forma. Hoje em dia os
melhores exames para diagnosticar adequadamente a lesão são o ultra-som e
a ressonância magnética.
As
tendinites crônicas podem ser tratadas por vários métodos, e dentre
eles, nos últimos anos, alguns novos procedimentos foram incorporados no
arsenal terapêutico. Vamos falar um pouco sobre alguns deles.
ONDAS
DE CHOQUE - é um tratamento realizado com um aparelho específico para
isto, que geralmente é indicado para tendinites calcificadas ou crônicas
do ombro, cortovelo e pé (calcâneo). Muitos trabalhos na literatura
mundial falam do seu benefício no tratamento, inclusive com trabalhos
randomizados e prospectivos. Acho um caminho interessante para alguns
casos (como as tendinites calcificadas), porém pessoalmente não uitilizo
em meus pacientes. O custo é relativamente elevado - ao redor de 800 a
1.000 reais por aplicação (preços médios para a cidade de São Paulo)
ACUPUNTURA
- é muito usada para o tratamento de tendinites, e tem os seus
seguidores. Nas patologias crônicas tem pouco resultado, pois nesta fase
geralmente o tendão já se encontra com mudança na sua estrutura
celular. Para as lesões agudas é um tratamento interessante para aliviar
a dor e fazer com que o paciente suporte melhor um tratamento
fisioterápico.
TOXINA
BOTULÍNICA - é um tratamento recente, usado principalmente para
epicondilite lateral do cotovelo em pessoas que não praticam esportes.
Não aconselho o tratamento, apesar de alguns trabalhos da literatura
mundial falar do benefício num curto prazo. O princípio é o de você
bloquear a atividade muscular na região do tendão acometido, fazendo com
que a lesão cicatrize espontaneamente.
INFILTRAÇÃO
COM CORTICÓIDES - esta é um terapia muito difundida, mas que
infelizmente não encontra respaldo na literatura médica em termos de
cura da lesão. Todos os trabalhos que temos com relação a melhora da
lesão são trabalhos que deixam muito claro que as melhoras ocorrem por
um curto intervalo de tempo - dificilmente os trabalhos que falam a
favor da infiltração com corticóides demonstram seguimentos clínicos
maiores do que 1 ano. Por outro lado, na parte de estudos científicos
básicos, já está mais do que provado que o corticóide afeta o tenócito, a
célula principal que compõe os tendões. Pessoalmente eu reservo as
infiltrações para as bursites de ombro somente, não realizando
diretamente nos tendões.
CIRURGIA
- como quase tudo em ortopedia, a cirurgia no caso das tendinopatias
tem a sua indicação, mas esta deve ser muito precisa e cada tendão tem o
seu enfoque. O conceito da cirurgia deve englobar a ressecção de
tecidos desgastados aliado a promoção de uma melhor vascularização no
local, para que a cicatrização se dê da melhor forma possível. Em alguns
casos, como temos que ressecar muito tecido no tendão, temos que fazer
transferências tendinosas para dar um reforço no tendão, para que ele
não fique mais frágil. Hoje em dia a colocação de fatores de crescimento
derivados de plaquetas (processados a partir do sangue do próprio
paciente) melhoram a cicatrização tecidual, e são um importante campo de
pesquisa que está se abrindo na literatura médica mundial. Os estudos
ainda estão no início, mas são promissores na area de medicina
esportiva. Nos últimos 24 meses tratamos 20 casos com esta técnica, que
tinham indicação de cirurgia para correção, e em 18 deles os atletas
voltaram a jogar sem precisar do procedimento.
Abraços a todos e bons jogos
Dr. Rogério Teixeira da Silva
Ortopedista e Médico do Esporte
FONTE: TENISPROSHOP.COM.BR
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